PERSPECTIVAS DE GRADUANDOS EM SAÚDE SOBRE A TEMÁTICA MINORIAS SEXUAIS E DE GÊNERO NA FORMAÇÃO

Alfredo Almeida Pina-Oliveira, Jane Grace Andrade de Faria, Maíra Rosa Apostolico, Maria José Duarte Osis, Maria Helena de Sousa, Ana Claudia Giesbrecht Puggina

Resumo


Objetivo: Caracterizar as perspectivas de graduandos da área de saúde sobre a temática minorias sexuais e de gênero na formação profissional. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo com análise secundária dos dados qualitativos de 262 estudantes de graduação em saúde de duas Instituições de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Brasil). Resultados: A maioria era solteiro (66%), do sexo feminino (83,4%), identidade de gênero feminina (81,2%) e heterosexual (90,6%). A maioria dos estudantes referiu não ter sofrido violência motivada pela identidade de gênero ou orientação sexual (95,4%), já ter tido essa temática durante a formação (61,7%), estar preparado profissionalmente frente a isso (88,4%) e para cuidar dessa população (77,5%). Dos discursos analisados frente à pergunta “Como você acha que a sua formação acadêmica poderia contribuir para lidar com as minorias sexuais?” emergiram duas categorias centrais: “saber lidar com as minorias sexuais e de gênero” e “tornar-se um profissional de saúde aberto à diversidade humana”. Conclusão: Evidenciam-se áreas potenciais para a construção de competências sensíveis às minorias sexuais desde a graduação em saúde.

ABSTRACT

Objective: To characterize the perspectives of undergraduate students in the health field on the theme of sexual and gender minorities in professional training. Methods: This is a descriptive study with secondary analysis of the qualitative data of 262 undergraduate health students from two Higher Education Institutions in the State of São Paulo (Brazil). Results: Most was single (66%), female (83.4%), female gender identity (81.2%) and heterosexual (90.6%). Most students reported not having suffered violence motivated by gender identity or sexual orientation (95.4%), having already had this theme during training (61.7%), being professionally prepared for it (88.4%) and to care for the population (77.5%). From the speeches analyzed before the question “How do you think your academic training could contribute to dealing with sexual minorities?” two central categories emerged: “knowing how to deal with sexual and gender minorities” and “becoming a health professional open to human diversity”. Conclusion: Potential areas for the construction of skills sensitive to the sexual minorities are evident since graduation in health.

RESUMEN

Objetivo: Caracterizar las perspectivas de los estudiantes de pregrado en el campo de la salud sobre el tema de las minorías sexuales y de género en la formación profesional. Métodos: Se trata de un estudio descriptivo con análisis secundario de los datos cualitativos de 262 estudiantes del área de salud de dos Instituciones de Educación Superior en el Estado de São Paulo (Brasil). Resultados: La mayoría era soltero (66%), mujer (83,4%), identidad de género femenina (81,2%) y heterosexual (90,6%). La mayoría de los estudiantes refirió no haber sufrido violencia motivada por identidad de género u orientación sexual (95,4%), haber tenido ya esta temática durante la formación (61,7%), estar preparados profesionalmente para ello (88,4%) y atender a la población (77,5%). De los discursos analizados antes de la pregunta “¿Cómo crees que tu formación académica podría contribuir al trato con las minorías sexuales?” Surgieron dos categorías centrales: “saber lidiar con las minorías sexuales y de género” y “convertirse en un profesional de la salud abierto a la diversidad humana”. Conclusión: Las áreas potenciales para la construcción de habilidades sensibles a las minorías sexuales son evidentes desde la graduación en salud.

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DOI: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2021.v12.n5.4675

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